Uma roda de conversa reuniu metroviárias e trabalhadoras terceirizadas na tarde desta quinta-feira, 7, no refeitório da Trensurb. Organizada pela Secretaria da Mulher do Sindimetrô/RS, a atividade marcou o Dia Internacional de Luta das Mulheres – 8 de Março.
A tarde também teve a apresentação da cartilha “Mulheres Metroviárias na Luta! Vamos Juntas?”, elaborada pela Secretaria. A cartilha surgiu a partir da vontade de compartilhar as vivências e lutas das mulheres que constroem o sistema metroviário.
Durante a roda de conversa, a advogada Jaqueline Carvalho abordou temas como a violência, que tem as mulheres como vítimas, e as diferentes formas de assédio enfrentadas por elas nos locais de trabalho.
Jaqueline destacou a criação, há 12 anos, da Lei Maria da Penha como um avanço. Salientou, no entanto, que as delegacias para mulheres ainda são insuficientes, principalmente nas cidades do interior. Faltam, ainda, campanhas de divulgação e de esclarecimentos dos direitos contidos na lei.
Na questão da violência, a advogada apresentou um número chocante. O Brasil detém o 5º lugar no mundo em relação aos casos de feminicídio (homicídio doloso praticado contra a mulher pela condição de gênero), segundo dados da ONU. Em 2017, foram registrados 4.473 homicídios dolosos, um aumento de 6,5% em relação a 2016. Isso significa que uma mulher é assassinada a cada duas horas no país.
Jaqueline também abordou as diferentes formas de assédio, com destaque para os assédios moral e sexual. Segundo a advogada, o assédio moral tem as mulheres como principais vítimas, sendo as gestantes, as com problemas de saúde e as negras as mais atingidas.
“Pequenos elogios podem ser a porta para o assédio. É importante entender e falar sobre isso, até para não deixar chegar aos assédios moral e sexual”, frisa Jaqueline. No trens e metrôs, cresce anualmente os casos de assédio sexual. Os casos mais evidentes são registrados em São Paulo, mas se alastram em todas as regiões e cidades do país.
A roda de conversa foi precedida pelo monólogo “Jantar de Graça”, com a atriz Mariana Lohmann. Baseado na obra da escritora Cláudia Tajes, o espetáculo já foi premiado em festivais de teatro amador do Rio Grande do Sul.
A peça começa com Graça, uma mulher de 35 anos, preparando um jantar para comemorar o aniversário de relacionamento com Fagner, seu mais novo e brega amor. Para Graça, o amor é uma constante transformação.
A personagem assume personalidades de acordo com as suas paixões. Enquanto espera pelo seu novo amado, ela relembra histórias vividas no passado, que revelam a sua incessante busca por si mesma.
O evento terminou com um pocket show de voz e violão com a metroviária Grazi e o metroviário Gabriel Wolf. Os músicos fizeram uma breve leitura de sucessos cantados por artistas mulheres ou que destacam a presença feminina nas letras. No set list, músicas como Pretty Woman (Roy Orbison), Malandragem (Cássia Eller) e Ovelha Negra (Rita Lee).
No Dia Internacional de Luta das Mulheres, 08 de março, as metroviárias se unem aos atos com saída às 07:30h da Rodoviária de Porto Alegre e, ao final da tarde, 17:30h, no Ato Unificado na Esquina Democrática.