Você já ouviu falar de Elvira Boni?
Nascida no interior de São Paulo em 1899, filha de imigrantes italianos. Ela se destacou como uma ativista política e liderou uma importante greve de mulheres trabalhadoras no início do século XX.
Elvira começou a trabalhar como aprendiz de costureira no Rio de Janeiro aos 14 anos, sem receber salário trabalhando até 14 horas por dia em condições precárias. Em 1919, as demandas pela busca de direitos da classe trabalhadora estavam ganhando força no país e no mundo. Dois anos antes, o movimento operário internacional foi sacudido pela Revolução Russa de 1917. Elvira foi uma expoente da primeira onda do feminismo no país
A União das Costureiras e Classes Anexas foi fundada em 18 de maio de 1919, após uma grande manifestação de trabalhadores em 1º de Maio. Junto de Lisa Gonçalves de Oliveira, Carmen Ribeiro, Isabel Peleteiro, Noêmia Lopes e Aida Morais, Elvira fundou e liderou o sindicato com cerca de 200 mulheres. Entre as trabalhadoras estavam costureiras, chapeleiras, bordadeiras, ajudantes e aprendizes do Rio de Janeiro. Juntas organizaram a Greve das Costureiras do Rio de Janeiro em junho de 1919, parte de uma onda de paralisações que ocorreram naquela época, segundo o artigo da historiadora Beatriz Campos.
A União das Costureiras publicou manifestos em jornais da época:
questionavam o papel da mulher na sociedade, reivindicavam melhorias nas condições de trabalho, denunciavam abusos sexuais e convocavam as mulheres para a luta coletiva do proletariado. Uma das conquistas da greve foi a jornada de 8 horas diárias.
Em 1920, Elvira presidiu a mesa de trabalhos do III Congresso Operário Brasileiro e seguiu organizando cursos, escrevendo e lutando pela emancipação das mulheres trabalhadoras. Elvira faleceu em 1990.
Quando uma mulher avança, toda a sociedade avança. Durante o mês de março, iremos resgatar a história de algumas mulheres comuns e extraordinárias, que dedicaram suas vidas na busca por uma sociedade mais justa.
Fonte: Artigo “Companheiras em greve: o movimento paredista da União das Costureiras em junho de 1919”, de Beatriz Luedemann Campos (Unifesp, 2021)