Margarida Maria Alves nasceu no interior do estado da Paraíba em 1933. Em 1973, foi a primeira mulher presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande. Em meio à ditadura militar, Margarida se levantou por direitos para trabalhadores(as) rurais, e principalmente combater o trabalho escravo e a mão de obra infantil no campo. Ela foi a pioneira na luta pelos direitos trabalhistas no estado da Paraíba, movendo mais de 100 ações trabalhistas contra grandes latifundiários de usinas de açúcar da região. Um deles encomendou seu assassinato. Em um de seus últimos discursos, ela afirmou “É melhor morrer na luta que morrer de fome”.
Tentaram calar sua voz, mas o legado de Margarida ainda está vivo. A Marcha das Margaridas, que homenageia a líder brutalmente assassinada em 1983, acontece desde 2000 e é a maior ação de mulheres trabalhadoras da América Latina atualmente. A luta por dignidade nas condições de trabalho ainda precisa ser feita.
Segundo a Comissão de Direitos Humanos da Câmara do Ministério Público do Trabalho, o trabalho escravo contemporâneo existe em todo o território nacional. De 1995, quando foram criados os grupos especiais de fiscalização móvel, até 2022, mais de 60 mil pessoas foram resgatadas em trabalho análogo à escravidão. Recentemente no Rio Grande do Sul, 207 pessoas foram resgatadas de condições análogas à escravidão em vinícolas na serra gaúcha.
Quando uma mulher avança, toda a sociedade avança. Durante o mês de março, resgatamos histórias de mulheres comuns e extraordinárias, que dedicaram suas vidas na busca por uma sociedade mais justa.