O Sindimetrô/RS vem a público denunciar a direção da Trensurb, que deixa o sistema de transporte precarizar com a intenção clara de entregar a operação ao setor privado.

Na avaliação da entidade, os problemas recorrentes nos trens novos não acontecem por falta de estrutura, de pessoal ou de conhecimento técnico dos metroviários. Trata-se de uma estratégia perigosa, do “quanto pior melhor”, para provocar um descontentamento geral com o serviço.

Em julho de 2018, o sindicato já denunciava que, enquanto faltavam trens para atender a população, o estacionamento da empresa estava cheio de composições novas, mas todas apresentavam algum tipo de falha. No conjunto de denúncias entregue ao Ministério Público Federal (MPF), o Sindimetrô/RS alertou a população e autoridades para os riscos de um acidente com consequências graves. Os metroviários e metroviárias defendem a punição imediata de todos os envolvidos e uma Trensurb transparente, pública e administrada pelos funcionários.

Até hoje, o cumprimento da grade horária é garantido pelos trens velhos, com 33 anos de operação, funcionando no limite da capacidade e sem folga para manutenção. A grande mídia divulga que o metrô do Rio Grande do Sul está sucateado, mas a verdade é que não há um planejamento para a execução dos protocolos de segurança e manutenção.

Para o Sindimetrô/RS trata-se de atitude deliberada para incentivar a privatização. “Esse formato se repete em grande parte das estatais, desde que as privatizações começaram no país, no governo Collor”, diz Chagas.

Só que essa estratégia é um tiro no pé, pois a privatização só visa o lucro, não a qualidade. Para o sindicato, a Trensurb economizaria recursos se cortasse o exagerado número de cargos em comissão e de funções gratificadas, que oneram a empresa em mais de R$ 20 milhões por ano.

O presidente do Sindimetrô/RS lembra que o governo Bolsonaro tem uma ferocidade privatista que só enxerga nas empresas públicas uma oportunidade de fazer caixa. “Acontece que essas estatais realizam transporte de massa, um direito que a Constituição garante à população”, alerta Luís Henrique Chagas.

As privatizações de trens e metrôs deram errado em muitas cidades pelo mundo, voltando a ser administrado pelo setor público. Vejo os exemplos:

Madrid
A rede do metrô de Madrid é uma das maiores do mundo, tanto pela extensão (283,8 km) como pelo número de estações (302). É operado pela empresa pública Metro de Madrid S. A. Transporta mais de 650 milhões de passageiros por ano.

Londres
O metrô de Londres é o maior do mundo, com 408 km de rede. Foi privatizado e, há dez anos, reestatizado porque o serviço ficou muito ruim.

Chicago
O sistema é gerido pela estatal Chicago Transit Authority. Estuda a possibilidade de PPPs.

Paris
O metrô de Paris já foi gerido por empresas da iniciativa privada, mas, atualmente, a gestão é feita pela estatal RATP Group. Tem 213 linhas.

Nova York
A construção do metrô foi feita de forma mista, com fundos públicos e privados. Houve linhas privadas, mas hoje é público, com gestão feita pela New York City Transit Authority. Tem 368 km