Metroviários lotaram o Plenário da Câmara Municipal de Novo Hamburgo na noite de terça-feira (19) durante audiência pública solicitada pelo Sindicato dos Metroviários do RS (Sindimetrô/RS). A audiência foi uma iniciativa da Comissão de Obras, Serviços Públicos e Mobilidade Urbana do Legislativo Municipal.
Jorge Tatsch (PCdoB), da Comissão de Obras, mostrou preocupação com a possível privatização da empresa. Segundo ele, isso acarretaria aumento no valor da tarifa. Outro integrante da Comissão, o vereador Cristiano Coller (Rede) disse que a Câmara é parceira na luta contra a privatização da empresa.
Para Érico Correa, da CSP Conlutas, os metroviários defendem mais que os seus empregos, além de serem responsáveis pela prestação de um serviço de qualidade, mesmo em condições adversas. “Há uma política econômica para transformar o que é público em privado. E independente do governo, o caminho agora está aberto para se fazer isso de uma forma mais rápida”, destaca. Segundo o sindicalista, há uma política clara de desmonte do serviço da Trensurb com o intuito de ganhar a simpatia dos usuários para a sua privatização.
O presidente do Sindimetrô/RS, Luis Henrique Chagas, ressaltou que a maior luta da categoria é manter a Trensurb como empresa pública, prestadora de um serviço com qualidade. O primeiro efeito da privatização da empresa vai se refletir na tarifa. No Rio de Janeiro, cidade em que o metrô já foi privatizado, o usuário desembolsa R$ 4,10 para deslocamentos. De acordo com Chagas, existe um processo de sucateamento constante da empresa, como a falta de funcionários para as bilheterias, ocasionando grandes e demoradas filas nas estações. “Isso não é culpa do trabalhador, mas do gestor da empresa que não contrata”, afirma o dirigente sindical. “Há quem interessa a privatização?”, questionou, ressaltando ainda que as privatizações já feitas foram abocanhadas pelas grandes empreiteiras, todas envolvidas na Operação Lava Jato.
Elias José, representando a Federação Nacional dos Metroferroviários (Fenametro) entende que o transporte público é vida, porque o trabalhador tem o direito de se locomover com segurança, no menor tempo possível. Mas para os empresários ele tem que gerar lucro, pago com o sacrifício da classe trabalhadora. No Rio, privatizado em 1998, o metrô trabalha hoje com metade do contingente, salários menores, além de ter a passagem mais cara do mundo. Elias concluiu a sua fala conclamando os trabalhadores para lutar contra a privatização. “Temos que sair daqui dispostos a vencer essa batalha”.
Para o diretor de administração e finanças da Trensurb, Francisco Jorge Vicente, há uma grande ofensiva da direita capitalista no mundo todo, e isso justifica a defesa do caráter estatal da Trensurb, mas evitou criticar a posição do Governo Federal (Dilma/Temer) que manifestou o desejo de entregar a empresa para a iniciativa privada. Vicente também admitiu a defasagem de pessoal.