*Artigo publicado no site Sul21 em 10.06.2021
A SuperVia alega não ter como pagar a dívida de R$1,2 bilhões devido à redução de passageiros, por causa da pandemia. Em maio de 2019 a Mitsui comprou o controle acionário da operadora dos trens urbanos do Rio de Janeiro Naquele momento foi anunciado investimento de R$1 bilhão, ao longo de dez anos.
O primeiro credor da SuperVia é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com R$840 milhões e o segundo é distribuidora de energia Light com R$155,9 milhões.
O Sindicato dos Metroviários do Rio Grande do Sul denuncia o modelo de concessão, onde o Estado continua financiando o sistema. Será que essa gigante empresa japonesa precisa dar o calote no Brasil? Quando teve lucro não qualificou o sistema. Agora que perdeu passageiros quer falência?”, critica o presidente do Sindimetrô, Luís Henrique Chagas.
Onde entra a Trensurb nessa história?
O conglomerado Mitsui já demonstrou interesse em adquirir a CBTU e a Trensurb, de acordo com reportagem do jornal Valor Econômico de abril deste ano. No entanto, nesses dois anos de operação da SuperVia as referências não recomendam a japonesa.
“Privado não é sinônimo de eficiência. A SuperVia é o melhor exemplo de como a população pode ter o pior serviço”, alerta Luís Henrique Chagas. O governo Bolsonaro mantém o cronograma de desestatização da Trensurb para este ano.
Privatiza mas o Estado continua pagando
O sistema de trens metropolitanos do Rio de Janeiro foi privatizado em 1998, a concessão foi por 25 anos, renovável por mais 25.
Mas, em 2010 o governador Sérgio Cabral renovou a concessão até 2048, sem licitação. Apesar da ineficiência para administrar os trens metropolitanos, a medida permitiu que a Odebrecht explorasse o serviço por mais 38 anos.
Em 2013 a SuperVia recebeu R$3,3 bilhões para compra de trens novos, e investir na melhoria do sistema de trens metropolitanos. O BNDES liberou R$1,6 bilhões, R$1,18 do governo estadual e o restante do caixa da empresa.
Dos 201 trens, apenas 75% são de carros novos
Importante destacar que nesse período não houve qualquer melhoria no sistema. E a passagem é a mais cara do país, R$5,90 a partir de 1⁰ de julho deste ano.
São incontáveis as condenações da empresa, por falta de cumprimento das obrigações estabelecidas em contrato. Uma investigação do jornal Extra, RJ, constatou que entre janeiro de 2017 e agosto de 2019, um trem descarrilou a cada 2 meses, na malha metropolitana operada pela concessionária.
Dados da SuperVia
A companhia é controlada pela GUMI – Guarana Urban Mobility Incorporated Brasil, consórcio formado pela japonesa Mitsui e West Japan Railway Company, além de um fundo japonês.
Atualmente, são atendidos 6 milhões de habitantes em 12 municípios, em 270 km de vias. Antes da pandemia, transportava uma média de 600 mil passageiros diários, o número caiu pela metade nos dias úteis.
Uma reportagem do Sul21, do início deste ano, revela detalhadamente que os problemas da SuperVia se acumulam e os usuários são os grandes prejudicados. Ao longo dos anos o serviço só piorou. (Leia aqui: Duas décadas depois, trem privatizado é serviço caro e de má qualidade no Rio).
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil