Nesta semana, uma reportagem da GZH trouxe um alarmante cenário: Houve redução de 111 linhas de ônibus em Porto Alegre. Atualmente, apenas 260 linhas estão em circulação. Em 2019, eram 371.

Além do tempo de espera, o acesso à cidade está prejudicado. Os dados disponibilizados pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e pela Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (SMMU) comprovam a diminuição das linhas, e também do número de viagens. Desde março de 2020, houve uma queda de 40% no número de viagens, segundo o levantamento da reportagem da GZH.

A prefeitura justifica uma mudança no comportamento dos(as) passageiros(as), mas sabemos: a classe trabalhadora que necessita de transporte público não mudou. Quem se levanta cedo todos os dias para enfrentar ônibus superlotados enfrenta ainda mais precarização no dia a dia. Durante a pandemia, Melo retirou isenções, reduziu direitos, extinguiu os postos de trabalho de cobradores de ônibus com a justificativa de que iria melhorar o sistema de mobilidade urbana de Porto Alegre.

Melo se orgulha do modelo que vem executando na capital gaúcha: vender cada centímetro da cidade à iniciativa privada. Quem ganha com isso? A venda dos novos abrigos de ônibus, instalados desde o final de 2022, é mais um exemplo. O contrato de concessão durará por 30 anos e tem como principal renda a venda de espaço publicitário dos mais de mil pontos espalhados pela cidade.

Apresentados como uma oferta de tecnologia e renovação, a empresa Eletromídia defende que os abrigos contribuem para a mobilidade e a sustentabilidade da cidade. Os abrigos prometem oferecer wi-fi, entradas USB, câmeras de vigilância e telhados verdes. Mas e os ônibus?

Infelizmente, os abrigos não oferecem o que solucionaria realmente os problemas da mobilidade urbana: mais transporte público. A solução sustentável é a diminuição de emissão de gases poluentes, com a circulação de menos carros de transporte individual, e mais investimento no transporte coletivo. O transporte público está em crise em todo o país. No entanto, ao invés de apresentarem projetos, planejamento, os governos têm contribuído ainda mais com a crise, investindo dinheiro no transporte privado.

O transporte é um direito constitucional. Precisamos de um projeto nacional, com receitas e investimentos para oferecer aos cidadãos o direito de acesso e mobilidade à cidade.