O jornalista Juremir Machado da Silva, em um artigo na revista Afinal, em setembro de 2016, questionava o leitor sobre inúmeras mentiras e omissões históricas sobre a Guerra dos Farrapos, sobre a autoproclamada ‘República Rio-Grandense’ e seus supostos heróis: “Até quando fingiremos que não sabemos que os farrapos usavam da negritude para manter o financiamento de seu sistema através da escravidão?”
Os negros, durante os 10 anos de guerra, compunham quase metade do exército republicano. Ainda assim foram massacrados na Batalha dos Porongos, quando foram traídos por seus líderes, que os deixaram morrer nas mãos das tropas imperialistas. As promessas de alforria eram meras retóricas usadas para manter os lanceiros na linha de frente da guerra. Aliás, estes senhores de escravos lutavam pela libertação dos negros dos outros, mas mantinham os seus sob mãos-de-ferro.
Nomes celebrados pela cultura gaúcha, como Bento Gonçalves, que deixou de herança aos seus descendentes cerca de 50 escravos, fazem parte do mito da figura do gaúcho heroico criado pela história ‘oficial’ e que geraram as eternas meias-verdades que repassamos às nossas crianças e estudantes, desde sempre.
Sem o conhecimento da história completa sobre os fatos ocorridos entre 1835 e 1845, os verdadeiros heróis continuarão à sombra da ilusória valentia dos seus algozes.